As Primeira Células (parte 2)
As primeiras células
Os experimentos descritos mostram que muitos aglomerados de proteínas e outras moléculas poderiam ter se formado ao longo de muitos milhões de anos nos mares primitivos, na forma de coacervados ou de microsferas. Mas esses aglomerados só deveriam ser considerados seres vivos primitivos se apresentassem as propriedades da vida: metabolismo, reprodução, hereditariedade, evolução, etc.
Uma célula primitiva ou protocélula poderia apresentar as propriedades de vida se: estivesse protegida por uma membrana de lipídios, que, separando-a do ambiente, selecionaria a substâncias que entram na célula e saem dela, permitindo que o seu interior tivesse composição química diferente do exterior e garantindo uma diferença entre o ser vivo e o ambiente; houvesse em seu interior enzimas que tornassem possíveis as reações químicas do metabolismo; tivesse alguma espécie de molécula com capacidade de se replicar e controlar a síntese das enzimas, como fazem os ácidos nucleicos.
No entanto, a duplicação do DNA e seu controle da síntese de proteínas são mecanismos muito complexos que exigem a participação de grande número de enzimas. Por isso, é pouco provável que os primeiros genes fossem feitos de DNA.
Alguns cientistas acham mais provável que o primeiro gene fosse feito de RNA ou de alguma molécula semelhante e mais simples, uma espécie de pré-RNA.
Na década de 1980, descobriu-se que, assim, como as proteínas, moléculas de RNA também podiam funcionar como enzimas; elas foram chamadas de ribozimas. Embora hoje nenhum tipo de RNA consiga se replicar sem auxilio de enzimas, o químico norte-americano David Bartel e seus colaboradores conseguiram produzir em laboratório um RNA artificial capaz de catalisar a união de nucleotídeos e formar um trecho de outro RNA. Embora não prove que algo semelhante tenha acontecido na origem da vida, isso encoraja pesquisas nesse sentido.
A medida que os primeiros seres vivos se replicavam, surgiam mutações ao acaso, incorporadas ao material genético. Algumas teriam aprimorado o processo de replicação e, assim, começava o processo de seleção natural: os seres que se reproduziam mais rapidamente ou que tinham enzimas mais eficientes para a obtenção de alimento e energia aumentavam de número ao longo das gerações. O resultado foi a evolução de sistemas vivos cada vez mais complexos, capazes de se duplicar e consegguir energia de forma maiss eficiente.
O surgimento da molécula de DNA, mais estável, que passou a ocupar o lugar do RNA como material genético do ser vivo, pode ter sido consequência dessa evolução.
Comentários
Postar um comentário